sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O Café da Manhã nas Regiões do Brasil


O Brasil é grande e um programa como o “Bem estar” — que trata de saúde sem sensacionalismo — tem sua função social. Principalmente no interior, onde muitas vezes não há hospitais, uma atração assim pode fazer a diferença na vida do telespectador. Só para lembrar, segundo dados do IBGE, quase 100% dos lares brasileiros têm um aparelho de TV.


O matinal da Globo conta com um grupo de consultores médicos respeitado e com boa capacidade de comunicação. E amplia sua atuação recebendo e respondendo ao vivo dúvidas via internet. Mas a atração lucra mesmo ao investir em reportagens de comportamento. Nessas horas, tudo ganha um sentido, uma naturalidade. É quando o didatismo — às vezes inevitável quando se está, afinal de contas, dando uma explicação — se dilui um pouco.


Um bom exemplo foi o programa sobre alimentação, em que repórteres de várias praças mostraram como é o café da manhã pelo país. Ao fim de cada reportagem, o endocrinologista Alfredo Halpern dava seu parecer. De quebra, o espectador ficava sabendo o que está perdendo, por exemplo, por nunca ter provado o desjejum em Porto Alegre: o povo lá come cuca, ou torta virada, e toma chimarrão. Um repórter em Salvador mostrou que na Bahia começa-se o dia com cuscuz de milho, de carimã ou de tapioca. Segundo um dos entrevistados num mercado popular, “sem um bom mingau não dá pra encarar o trabalho”. Ainda por lá, há quem escolha quebrar o jejum com carne de sol e aipim cozido. Já em Manaus, tudo é tapioca, queijo coalho e lascas de tucumã, além de sucos de frutas como taperebá e cajá. Mas o ponto alto deste tour gastronômico foi em Goiás, onde reina o pão de queijo. Um entrevistado pelo repórter Fábio Castro decretou: “Ele é mais suave e não deixa o cabra empanzinado”. Dr. Halpern, infelizmente, discordou.


Nesse dia, “Bem estar” ensinou usando o bom método inventado por Paulo Freire nos anos 50. De acordo com ele, a pessoa é alfabetizada depois de estimulada a articular sílabas, formando palavras extraídas da sua realidade, do seu cotidiano e das suas vivências. O programa ficou vivo e saboroso.


Patrícia Kogut

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