domingo, 3 de julho de 2011

Dulce (Cássia Kiss Magro) em 'Morde e Assopra'



“Dinossauros & robôs” era o título provisório da novela das 19h antes da estreia. Talvez por dificuldades de registrá-lo, a história de Walcyr Carrasco acabou se chamando “Morde & assopra”. Ninguém imaginaria, àquela altura, como o novo nome cairia melhor. Feita a primeira pesquisa (o grupo de discussão), os bichos pré-históricos sumiram de cena. Não que o resultado no ar fosse ruim, muito pelo contrário. Rogério Gomes, diretor-geral, ajudado pelo especialista Gustavo Garnier, apresentou sequências de altíssima qualidade. Porém, o público não se deixou empolgar pelo enredo. Os robôs também tiveram sua participação reduzida, embora a trama envolvendo as personagens de Flávia Alessandra tenha se mantido, porém por sua natureza bem folhetinesca, envolvendo rivalidades e disputas amorosas.




Mas são as diferenças de Dulce (Cássia Kiss Magro) e Guilherme (Klebber Toledo) que vêm dominando as atenções. Ou seja, o clássico novelão mostrou sua força em detrimento dos temas mais “criativos”. Apesar das afirmações em contrário, o fato de Cássia ter sido escalada para este papel indica que, desde o princípio, a aposta neste núcleo era grande. A atriz é muito experiente e talentosa, o que atribuiu a Dulce uma boa musculatura. Walcyr, que não é bobo, segue carregando no drama: semana passada a faxineira bateu no filho com uma vassoura. Com Márcia (Aline Peixoto) morta, a pobretona entrará na briga pela guarda do bebê que Guilherme tentará empurrar para os avós maternos. Para sustentar o neto, ela vai voltar a vender cocada.


Nem dinossauros nem robôs. “Morde & assopra” faz sucesso (vem cravando em torno de 35 pontos, um ótimo índice para as 19h) com mais do mesmo e a assinatura de Carrasco: sequências de pastelão — volta e meia alguém atira uma torta em alguém —, um núcleo caipira e um ou outro animal em cena, desta vez, uma vaca. Com seu humor ingênuo e seu drama de fácil comunicação — evitando as grandes sutilezas —, a produção é um êxito inegável. Nos bastidores, é voz corrente que Walcyr mexeu na história ouvindo as pesquisas. É o caso de refletir sobre quem é esta plateia das 19h, sempre apontada como “difícil” pelos autores. Pelo visto, ela gosta do que é de mais simples compreensão.

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