terça-feira, 9 de novembro de 2010

Legião Urbana no cinema e em relançamento em CD e vinil

Quatorze anos depois da morte do líder Renato Russo, a Legião Urbana continua mais viva do que nunca. Além de ter sua discografia inteira relançada, a banda é tema de dois longas-metragens em produção: “Somos tão jovens”, de Antonio Carlos da Fontoura, e “Faroeste caboclo”, de René Sampaio, inspirado na famosa música. Quis o destino que ambos os projetos fossem parar nas mãos do roteirista (e fã da Legião) Marcos Bernstein:


— É curioso, já que, logo depois de escrever “Central do Brasil” (1998), eu queria fazer o roteiro de um filme sobre “Eduardo e Mônica”. Mas o projeto acabou não saindo.


Vida de Renato em foco
No primeiro longa, cujas filmagens começam em março, o papel de Renato caberá a Thiago Mendonça, que vai perder 10kg para o personagem.


— O filme fala da vida do Renato e o insere nesse contexto do movimento punk de Brasília. Ele era um adolescente com crises, como qualquer outro: se achava feio, tinha alguns complexos, mas tinha uma inteligência especial e conseguiu canalizar isso — conta Bernstein, que conhece bem a atmosfera que vai ser retratada na telona: — Vivi o auge do rock brasileiro. “Somos tão jovens” traz bem esse clima de turma adolescente.


Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, por sua vez, serão vividos pelos próprios filhos, João Pedro e Nicolau.
— O João toca muito. Eu disse pra ele: “Vai lá, entra mudo e sai calado!”. Ele ficou animadão — diverte-se Bonfá.


Já sobre “Faroeste caboclo”, Bernstein prefere não dar muitos detalhes ainda.


— A letra parece um roteiro, mas tem várias idas e vindas que podem se transformar num labirinto. Por exemplo, ele vira um traficante de renome e só depois começa a matar. No fluxo musical, é perfeito. Mas no roteiro é preciso simplificar.


Fãs de novas gerações
Mas, afinal, por que a banda tem essa força até hoje?


— É um atestado da qualidade do grupo, e tinha essa coisa mítica do Renato — diz Bernstein.


Bonfá concorda:


— Aquela geração estava a fim de ouvir o que a gente dizia. Esses jovens cresceram e hoje tem filhos.


Mas nostalgia não está no vocabulário do baterista. Recentemente, ele se apresentou na Espanha com Dado, num projeto do cantor Xoel López. Segundo Bonfá, isso só acontece em ocasiões especiais, se o convite agradar. Nada de obrigação.


— Não tenho a mínima saudade. Vivi intensamente esse período e curto esse momento de agora — conta Bonfá, que atualmente prepara seu quarto trabalho solo, mas admite: — A Legião não sai da nossa vida.


Obra ganha edição especial em CD e LP


Dona da impressionante marca de 14 milhões de discos vendidos até hoje (somando-se os trabalhos solo do vocalista Renato Russo), a banda continua sendo uma aposta do mercado fonográfico. A prova desta força é que a EMI relançou a discografia do grupo em embalagens digipak (avulsos) e em um box especial, em CD, e também em vinil, para os mais nostálgicos, em edição limitada. Os álbuns ganharam um novo encarte, com textos sobre a história de cada trabalho, assinados pela jornalista Christina Fuscaldo.


— Acho que os LPs vão ser vendidos logo, quem compra é o fã mais acirrado — diz Bonfá, que acha importante que as novas gerações tenham acesso à discografia da banda: — Essa moçada precisa conhecer o trabalho da Legião. De certa forma, somos uma referência.

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