quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Mineiros do Chile são resgatados

Florencio Ávalos, o primeiro mineiro resgatado, chega à superfície; no centro, seu filho, Byron, de 7 anos, chora.

Mario Sepúlveda celebra a subida à mina.


Moradores de Copiacó celebram a subida de Mario Sepúlveda à superfície, na madrugada desta quarta-feira (13).


Nove dos 33 mineiros já haviam sido resgatados até as 7h56 desta quarta-feira (13) da mina de cobre no norte do Chile na qual eles estavam soterrados a uma profundidade de 700 metros desde 5 de agosto, em uma operação sem precedentes na história da mineração mundial.


Os cinco primeiros já foram avaliados por médicos, receberam soro fisiológico e estão bem. Pelo menos dois deles já foram transferidos de helicóptero ao hospital da cidade de Copiapó.


O resgate começou por volta das 23h18 da terça (12), com a descida ao refúgio dos mineiros de Manuel González Pavez, o primeiro socorrista.


Pouco depois da descida dele, os resgatistas, ao lado do presidente Sebastián Piñera e da primeira-dama, Cecilia Morel, cantaram o hino do Chile para marcar o início do trabalho.


González, que trabalha para a Codelco, estatal chilena do cobre, levou 17 minutos para descer os 622 metros do túnel de 66 cm de diâmetro, aparentemente sem problemas. Ele fez o primeiro contato com os mineiros e foi recebido por eles com emocionados abraços.


Depois, os mineiros o cercaram para receber instruções sobre o resgate. Florencio Ávalos, primeiro trabalhador da lista, vestiu a roupa especial entrou na cápsula, que começou a subir às 23h55 da terça.


Ele chegou à 0h11 de quarta (13), com os óculos especiais para evitar o choque da luz, e foi recebido com festa pela mulher, Monica, pelo filho de sete anos, Byron, que chorou muito, pela equipe de resgate e por autoridades.


A TV estatal chilena e TVs de todo o mundo transmitem os trabalhos ao vivo.


González informou que os 32 demais mineiros estavam bem de saúde.


Florencio Ávalos, o primeiro mineiro resgatado, chega à superfície; no centro, seu filho, Byron, de 7 anos, chora. (Foto: AP)galeria


Logo depois, o presidente Piñera deu entrevista (assista ao lado), em que prometeu que a mina não voltaria a funcionar até que eventuais problemas de segurança fossem resolvidos.


Piñera lembrou que estava cumprindo sua promessa de trazer os mineiros à superfície "são e salvos". "13/10/10 é um número mágico", disse ele.


O presidente acompanhou pessoalmente o resgate dos quatro primeiros mineiros e depois se recolheu.


A cápsula com Ríos chegou ao fundo à 0h43, e subiu com o eletricista Mario Sepúlvera às 0h56. Ele chegou à superfície à 1h09, aparentando estar bem humorado e distribuiu pedras ao presidente Piñera e ao ministro da Mineração, Laurence Golborne.


Então, o socorrista Patricio Roblero desceu à mina, e foi preparada a subida do ex-militar Juan Illanes, que chegou à superfície às 2h08.
 Em seguida, a cápsula desceu sozinha, e o próximo a subir foi o boliviano Carlo Mamani, que chegou às 3h09 e foi recebido pela mulher, Verónica Quispe, que segurava uma bandeira da Bolívia. Ele se ajoelhou e agradeceu a Deus pela libertação.


O presidente da Bolívia, Evo Morales, tentou chegar a tempo de acompanhar o resgate de seu compatriota, mas só deveria chegar na manhã desta quarta. Na véspera, Morales havia prometido casa e emprego para Mamani e a família. Morales também disse que queria voltar com Mamami e a família à Bolívia.


O quinto resgatado foi Jimmy Sánchez, de 19 anos, o mais jovem do grupo, que chegou à superfície às 4h10. Ele foi recebido por seu pai e levantou uma bandeira de seu time, o Universidad de Chile, para comemorar.


Depois da subida de Sánchez, a cápsula precisou passar por uma revisão, por conta de uma roda fora de prumo.


Mas ela foi consertada, e a cápsula desceu então para resgatar Osmán Araya, de 30 anos -primeiro entre os dez mineiros que teriam problemas físicos. Ele chegou à superfície às 5h34.


José Ojeda Vidal, de 46 anos, é o próximo resgatado. Ele - que escreveu a mensagem dos mineiros ('Estamos bien en el refugio, los 33') pela qual o mundo exterior ficou sabendo que eles estavam vivos- chegou à superfície às 6h21, após 12 minutos de subida.


O próximo a subir foi Claudio Yañez Lagos, de 34 anos, que chegou à superfície às 7h02. O mineiro, que prometeu que se casaria ao sair da mina, foi recebido por sua namorada, Cristina Núñez, que lhe abraçou, e por uma de suas filhas, que filmou o momento.


O ministro da Saúde do Chile, Jaime Mañalich, disse em entrevista após o resgate do oitavo mineiro que a situação de saúde deles era muito boa. Ele avaliou que tudo estava indo melhor do que esperado.


Em seguida, começou a subir Mario Gómez Heredia, de 63 anos, o mais velho e experiente da mina. Ele chegou à superfície às 7h56, foi recebido por Lilianet Ramírez, sua mulher, e também se ajoelhou em agradecimento.


O décimo a subir seria Alex Vega Salazar, de 31 anos.


Antes da descida do experiente socorrista González, com mais de 20 anos de experiência em resgates, dois testes foram feitos com a cápsula Fênix 2.


Um primeiro, com a cápsula descendo sozinha pelo túnel, para reconhecimento do percurso. Ela ficou alguns minutos dentro do túnel, e voltou.


A cápsula sofreu um dano na porta na primeira descida, segundo a France Presse, e teve de ser ajustada com um martelo. O engenheiro-chefe do resgate, Jorge Sougarret, entrevistado pela TV chilena, disse que isso se deveu a um problema nas rodas ajustáveis da cápsula.


Depois, a gaiola entrou novamente no túnel, para percorrer toda a extensão dele, e voltou.


Atrasos
O ministro Golborne havia afirmado, pouco antes das 20h da terça, que o início da subida dos mineiros deveria demorar mais duas horas, mas este prazo não foi cumprido. Segundo ele, o atraso no início do resgate ocorre porque foi necessário fazer mais testes com a Fênix.


Segundo ele, ainda era necessário fazer as conexões telefônicas na cápsula antes que o primeiro socorrista desça ao local onde os 33 homens estão presos.


Mais cedo, o presidente Piñera havia previsto, em entrevista na mina, que o resgate dos mineiros começaria por volta das 20h.


Em entrevista na mina, lotada de jornalistas e parentes e sob bastante expectativa, Piñera afirmou que o resgate deveria durar entre 24 horas e 48 horas.


Os mineiros -32 chilenos e um boliviano- estão a cerca de 700 metros de profundidade e estão sendo içados pela Fênix 2, uma moderna cápsula especialmente preparada para a tarefa, através de um túnel cavado por uma perfuradora ao longo de 33 dias e que ficou pronto no último sábado.


O primeiro mineiro a ser içado foi Florencio Ávalos, de 31 anos. Segundo em hierarquia entre os mineiros, Ávalos é habilidoso e combina experiência e juventude, o que o tornava capacitado para resolver eventuais problemas durante a subida da cápsula.


Durante a tarde, as famílias mostraram aos jornalistas chilenos uma lista preliminar da ordem de saída dos mineiros. Ela estava se confirmando.


O último a sair, segundo a lista, será Luis Urzúa, de 54 anos, que era o chefe de turno no momento do acidente.


Em sua entrevista na chegada, Piñera lembrou o terremoto de fevereiro, que provocou muitas mortes e danos à infraestrutura chilena, e disse que a sobrevivência dos mineiros até agora era um "milagre". "A fé moveu montanhas", disse.


Ele afirmou que, depois desse resgate, nenhum dos mineiros vai ser o mesmo, assim como todo o povo chileno.


Piñera também prometeu uma mudança nos padrões de segurança da mineração, principal atividade econômica do país, para que acidentes do gênero não se repitam no futuro. Ele sofreu acusações por permitir o funcionamento da mina que, segundo opositores, não cumpria normas de segurança adequadas.


Espera
Os mineiros esperaram o começo da saída limpando o refúgio que, durante mais de dois meses, lhes serviu de lar, segundo o mineiro Mario Sepúlveda.


Ele disse, brincando, que os mineiros estavam fazendo isso porque não sabiam ainda quanto tempo mais ficariam no local.


Mais cedo, o ministro Golborne disse que esperava terminar esta terça-feira com pelo menos um mineiro já na superfície -o que acabou não ocorrendo.


A operação


A operação começou quando terminados a instalação e os testes do sistema de içamento dos mineiros, assim como o sistema de comunicações que permitiu contato com eles durante a subida.


A cápsula avança a uma velocidade de um metro por segundo, através do túnel. A subida deveria durar cerca de 15 minutos, mas acabou durando mais nos primeiros resgates e sendo mais rápida nos últimos. O tempo estimado para retirar cada mineiro, de uma hora, estava praticamente se cumprindo.


Os 33 mineiros estão sendo içados à superfície em uma cápsula de 4 metros de altura e 450 quilos dotada de tubos de oxigênio (veja ao lado), equipamento de comunicação e de um sistema de aferição dos sinais vitais de alta tecnologia.


Os mineiros receberam roupas feitas de material especial, luvas, água e óculos escuros para que não sofram danos oculares na chegada à superfície depois de tanto tempo na escuridão.


Um socorrista mineiro foi o primeiro a descer até o fundo da mina, seguido de um enfermeiro, de outro socorrista mineiro e de outro enfermeiro, para ajudar os mineiros em seu processo de saída para a superfície. Eles permaneceriam sob a terra até que o último mineiro tenha sido retirado.


Um sinalizador de luz e um alarme de ambulância indicam o momento da chegada de cada mineiro à superfície, para alertar as equipes médicas.


Jean Romagnoli, um dos médicos do resgate, disse que os 33 estavam em boas condições para o resgate. Em entrevista ao G1 antes do resgate, ele explicou algumas das dificuldades da subida.


Na segunda-feira, haviam sido feitos testes com a cápsula, com sucesso, mas sem chegar aos mineiros.


Cada mineiro foi atendido por um médico logo depois da chegada. Nessa primeira avaliação, são feitas perguntas simples, como se estão com muita dor, e eles passam por testes de lucidez.


Depois, eles são levados a uma área de estabilização a poucos metros dali. Eles passam pelo menos duas horas nesse local, onde recebem soro, algumas vitaminas e antibióticos, e iniciam a avaliação psicológica presencial. São atendidos por três médicos e por um psicólogo.


Dali, são levados, de helicóptero, a uma base militar (em um trajeto de 12 minutos), em Copiapó, a 45 km de distância. Então, percorrem 300 metros até um hospital da cidade, onde serão atendidos e, se estiverem bem, podem ter alta em 48 horas.


Se houver neblina -habitual no deserto do Atacama-, alguns mineiros poderão ser isolados.

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