segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Baixaria em 'A Fazenda 3'

Por
Patrícia Kogut

A escalação é um dos pontos fundamentais de qualquer programa de televisão: teledramaturgia ou realities (a tal novela da vida real, que de real não tem mesmo nada). Esse é o primeiro pecado de “A fazenda 3”, da Record. O grupo de subcelebridades mistura exotismo, temperamentos explosivos, mulheres gostosas e figuras decadentes e melancólicas. Poderia ser uma boa receita, mas, ali, o resultado tem sido apenas baixaria. Tudo isso aliado ao confinamento e a explosões hormonais de todas as qualidades e calibres faz barulho. No mau sentido: outro dia, Tico Santacruz não parava de berrar, histericamente, nos ouvidos de Eduardo Pelizzari. Quem mais sofria com os gritos éramos nós, os espectadores.


Problemas estruturais impedem “A fazenda” de funcionar com fôlego pleno. Do ponto de vista técnico, faltam câmeras e o som é precário. Porém, o mais grave é a edição, incapaz de apresentar um enredo. São brigas avulsas, lavadas de louça banais, diálogos soltos etc. Este tipo de atração ganha força quando põe uma trama, uma história em andamento. Quando vira novela. É o enredo que faz outros meios, como a internet, sustentar o programa de TV. Mas, para que isso aconteça, é preciso que a televisão ofereça o primeiro prato, dispare o fenômeno. Sem um bom programa, a coisa murcha.


Esta temporada de “A fazenda” é a primeira com um live streaming via R7. Na primeira temporada havia um hot site no Terra e na segunda, um hot site no R7 e um pay per view na TVA e na Telefônica Digital. Agora, o acesso é facultado a quem faz um e-mail R7.com. Na madrugada de sexta, segundo dados da Record, eles passaram de um milhão de e-mails e o número cresce na média de 7 mil e-mails por hora.


Mas falta muito para a coisa decolar de verdade. “A fazenda” lembra o “BBB”, mas não tem a mesma qualidade. Lembra “A casa dos artistas”, só que sem o charme de Silvio Santos. E por aí vai. Se neste reality o prefixo “sub” ficasse restrito ao seu elenco de subcelebridades, estaria tudo certíssimo. Mas o conjunto é um subtudo (à exceção da cenografia, de muita qualidade). Aliás, é impressão ou “A fazenda 3” produziu até um simulacro de Danni Carlos, a sua própria subpersonagem, a sósia da cantora Luiza Gottschalk? Vai ver que é por isso que, semana passada, enquanto “Le temps” de Charles Aznavour embalava as andanças de Monique Evans pela cozinha, Frejat cantando “sub sub sub o quê?/subproduto de rock, será um tipo de nhoque?” não me saía da cabeça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário