domingo, 13 de junho de 2010

Vuvuzela


O som das vuvuzelas, um tipo de corneta, promete dar o tom da festa nos estádios durante a Copa da Mundo na África do Sul, a partir desta sexta-feira (11). Mas muita gente reclama do barulho que ela faz e, nesta segunda (7), uma fundação europeia divulgou que ela é mais barulhenta que uma motosserra. Para tirar a limpo, o G1 pediu a um engenheiro que fizesse a comparação com sons típicos de uma cidade grande. E o resultado: a vuvuzela faz mais barulho que o trânsito da Marginal Tietê e até de um helicóptero em São Paulo. Ao lado, veja vídeo com os testes.

Nas medições feitas a pedido do G1 pelo engenheiro Hamilton Tambelini, da empresa Ruído Menor, o som de uma única vuvuzela atingiu 114 decibéis. O som de três tocadas ao mesmo tempo foi a 117 decibéis. Um helicóptero decolando no Campo de Marte, na zona Norte de São Paulo, chegou a pico de 98 decibéis. "A cada três decibéis temos o dobro do valor inicial em escala linear", segundo Tambelini. Isso significa o nível de 117 decibéis é o dobro de 114.

A vuvuzela usada para teste estava à venda em uma loja na Rua 25 de Março e tinha o selo do Inmetro. Segundo os lojistas, pode faltar vuvuzela durante a Copa. Em cinco lojas visitadas pelo G1, a corneta só foi encontrada em uma.

Em todas as comparações feitas pelo engenheiro Tambelini, a vuvuzela, tocada ao ar livre, mostrou-se mais incômoda que os sons que fazem parte da rotina do paulistano. "A vuvuzela, se tocada muito próxima ao ouvido, pode provocar lesões auditivas permanentes. Por isso é importante o uso de protetor auricular durante a torcida dos jogos, mesmo em casa, fora dos estádios", disse Tambelini.

RANKING DO BARULHO
FONTE DE SOM MEDIÇÃO DE RUÍDO

UMA VUVUZELA 114 DECIBÉIS
TRÊS VUVUZELAS 117 DECIBÉIS
HELICÓPTERO - MOTOR A PISTÃO (DECOLAGEM) 98,3 DECIBÉIS (PICO)
HELICÓPTERO - BIMOTOR TURBINADO (POUSO) 95,9 DECIBÉIS
CAMINHÃO NA MARGINAL TIETÊ 92,9 DECIBÉIS (PICO)
FLUXO NORMAL NA MARGINAL TIETÊ 80 DECIBÉIS (MÉDIA)
FLUXO NORMAL NO TÚNEL DO ANHANGABAÚ 91 DECIBÉIS
MOTOCICLETA NO TÚNEL ANHANGABAÚ 92,3 DECIBÉIS
ÔNIBUS NO TÚNEL ANHANGABAÚ 91,3 DECIBÉIS
Fonte: Ruído Menor

"Na comparação entre a Marginal Tietê, os helicópteros no Campo de Marte e as cornetas, a vuvuzela é muito mais forte. Se juntássemos todos, não chegaria ao som da vuvuzela. Isso acontece porque a vuvuzela é estridente, com som mais agudo. O ouvido humano é mais sensível a sons agudos. Como o torcedor vai estar mais perto das cornetas, a intensidade sonora é maior", afirmou o engenheiro.

Uma fundação mantida pela Phonak, fabricante suíça de próteses auditivas, divulgou nesta segunda (7) que a vuvuzela incomoda mais que uma motoserra. Uma série de testes, em estúdio, demonstrou que as trombetas podem alcançar 127 decibéis. Ganham de tambores (122 decibéis) e de apitos (121,8 decibéis), por exemplo.

Risco nos estádios


Segundo a Norma Regulamentadora 15, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o limite de tolerância para ruído contínuo é de apenas oito minutos em casos de sons como o da vuvuzela, que chegou a 114 decibéis. "Se pensar que uma partida de futebol tem 90 minutos, fora a festa nos minutos que antecedem a partida, imagine o risco de lesão auditiva que o torcedor estará exposto", disse Tambelini.

A mesma norma ainda indica que não é permitida a exposição a níveis de ruído acima de 115 decibéis para pessoas sem proteção nos ouvidos. "Isso significa que alguma lesão o torcedor poderá sofrer durante os jogos na África do Sul. É prudente que o torcedor leve qualquer tipo de proteção. A lesão auditiva, por menor que seja, pode ser permanente", afirmou o engenheiro.

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Apesar de trabalhar na área de aviação há 36 anos, João Júnior, gerente comercial da Tucson Aviação, disse que o som de algumas aeronaves ainda o perturbam. "O som do helicóptero, por exemplo, eu já estou acostumado. Há frequências que me incomodam mais e só depende do helicóptero. Mas o que me atinge mais é o barulho provocado pelas vuvuzelas. Em estádio de futebol, já tive problemas com elas. Incomoda mesmo."

A convivência com sons em altos decibéis fez com que Júnior tivesse uma característica auditiva peculiar. "O silêncio me incomoda para dormir. Preciso de um pouco de barulho para conseguir pegar no sono. Eu tenho um zumbido permanente no ouvido. O silêncio faz com que esse zumbido apareça mais claro quando vou dormir, o que acaba me incomodando um pouco."

Júnior disse que faz exames de audiometria todo ano e nunca houve registro de perda auditiva.

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