sábado, 19 de junho de 2010

Entrevista de Dani Alves


Por Ash Hashim

Quando era um estudante de 11 anos de idade, Dani Alves da Silva, de Juazeiro, escreveu uma carta de apoio para os craques brasileiros da Copa de 1994. Naquela época, os heróis da Seleção eram Romário, Bebeto, Leonardo, Raí, Jorginho e um capitão com o nome risonho de Dunga.

Esse lendário sexteto passou a liderar a Seleção na Copa dos Estados Unidos em 94, ainda que seu estilo defensivo de jogo fosse contrário ao mítico jogo bonito do Brasil em Copas anteriores. E levaram o tetracampeonato mundial ao país do futebol.

Quase 16 anos depois, aquele menino veio a herdar a camiseta verde e amarela, e, agora como jogador famoso, pede para carimbar a história das Copas com a sua própria marca. Não só isso: aquele capitão de nome engraçado agora é seu técnico na equipe brasileira.

"Eu vi alguns amigos sofrerem a experiência de serem cortados da equipe, e sofri com as dúvidas sobre a minha convocação", diz Daniel Alves, 27, em entrevista exclusiva ao Yahoo!, por telefone, nas semanas prévias à sua saída de Curitiba, onde o Brasil treinou antes de viajar para a Copa da África.

Agora dentro da equipe de Dunga, o lateral-direito do Barcelona admite que passou mal e esteve nervoso quando a imprensa duvidou das suas chances de chegar à África do Sul. Conhecido por ser tímido fora de campo, Alves admitiu que nem tudo estava bem após o fracasso do Brasil na Copa do Mundo 2006 na Alemanha.

"Como um jogador profissional de futebol, você deve sempre planejar seu cronograma para atingir o melhor desempenho. Eu estava jogando pelo Barça toda semana. Nós tivemos que jogar as Eliminatórias pelo Brasil e manter o bom trabalho (na Copa das Confederações, em 2009)", afirma.

"Eu fiz bem as coisas na Espanha e no Barcelona, vencendo campeonatos com muito esforço. Ganhei a confiança do Dunga e agora estou feliz por representar o Brasil. Espero um bom desempenho na Copa da África do Sul", avalia.

Quando perguntado sobre como se sentia em relação a estrelas como Ronaldinho terem sido sacadas do time, Alves se recusou a comentar. Sobre aqueles que ficaram fora da Seleção, limitou-se a dizer: "Isso é algo para Dunga e sua comissão técnica, e todos devem respeitar sua decisão. É um privilégio ter tantos bons jogadores, mas acredito que ele estava sendo coerente com a sua equipe", opinou.

Daniel Alves é, atualmente, o defensor mais caro do mundo na história do futebol. Ele foi contratado pelo Barcelona junto ao Sevilla, que o tirou da segunda divisão da Bahia aos 19 anos, por 40 milhões de euros. Rapidamente, forjou sua reputação pela impresionante qualidade de defender e se manter pronto para o ataque ao mesmo tempo. Foi peça-chave do time espanhol que levantou a Copa da Uefa (atual Liga Europa) na temporada 2006/2007, provavelmente o ano de maior sucesso na história do clube.

À época, sua performance desencadeou uma avalanche de ofertas de vários gigantes europeus, como o Liverpool e o Chelsea. Entretanto, foi somente em 2008 que Alves decidiu assinar com o Barcelona. No seu último dia em Sevilla, o jogador ficou famoso pelas lágrimas em uma coletiva de imprensa lotada. "Sim, eu tenho boas lembranças do Sevilla. Joguei várias vezes no Camp Nou, mas nunca pensei que um dia jogaria lá para o time da casa", disse ele.

Agora, com a esperança de uma nação inteira torcendo por ele e seus companheiros da Seleção no Brasil, Alves espera imitar seus heróis de infância de 94, levantando a Copa do Mundo. "Todo mundo diz que somos favoritos, mas todos os nossos adversários também merecem grande respeito e será difícil", alertou.

"Eu acredito que o Brasil tem jogadores que vão dar tudo para vencer a Copa do Mundo e nossa qualidade nos faz diferentes do resto, mas não devemos esquecer que, como em qualquer outro torneio, haverá alguns transtornos", ponderou. "Temos de mostrar que podemos chegar a final e sermos campeões."

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