quarta-feira, 2 de junho de 2010

Entrevista da escritora Ruth Rocha


O primeiro romance foi para o lixo, mas os outros...
Quando se menciona o nome Ruth Rocha o que vem à mente é a lembrança de uma grande dama da literatura brasileira.
Autora de mais de uma centena de títulos escritos para crianças e jovens, Ruth Rocha consolidou, a partir da década de 1970, uma carreira literária reconhecida pela crítica e, principalmente, pelos milhões de leitores de sua obra fartamente premiada.
Paulistana, Ruth Rocha tornou-se, com o tempo, uma personalidade cultural de âmbito nacional. Ainda mais: seu trabalho também é reconhecido - e lido - em diversos países.
Na entrevista com a escritora que você vai ler em seguida, Ruth aborda temas como o prazer da criação literária, a primeira tentativa de construir uma história e a importância de autores como Monteiro Lobato e Eça de Queirós na sua formação intelectual.


Ática: Como foi seu primeiro contato com a literatura? Como você decidiu ser escritora e como começou?
Ruth Rocha: Meu contato com a literatura se deu através de Monteiro Lobato, sem dúvida. Mas depois, quando eu tinha uns 13 anos e andava lendo uma porção de livros medíocres, um professor, Aderaldo Castelo, pediu na escola que fizéssemos um trabalho sobre A cidade e as serras, de Eça de Queirós. Esse livro foi para mim não um encontro com a literatura, mas uma verdadeira trombada! Até hoje eu ainda leio esse livro de vez em quando.
A minha decisão de ser escritora se deu quando comecei a escrever para a revista Recreio. Depois de vinte ou trinta histórias percebi que era o que eu queria realmente fazer.
Ática: Já lhe aconteceu de jogar fora um livro que escreveu por não considerá-lo satisfatório?
Ruth: Já aconteceu, sim. Segundo Ana Maria Machado, um escritor deve ter uma gaveta pequena, para guardar originais, e uma cesta de lixo grande, para jogar fora o que não fica bom.
Ática: Os jovens de hoje gostam de ler?
Ruth: Em todos os tempos houve jovens que gostavam de ler e outros que não tinham grande interesse. O escritor sempre espera conquistar esse grupo.
Ática: Como é seu jeito de escrever? Quando começa, já tem a história pronta na cabeça? Sai tudo de uma vez ou você precisa ficar "burilando" o texto?
Ruth: Geralmente já tenho uma idéia aproximada do que vai ser o texto. Mas os detalhes vão saindo conforme eu escrevo. Além disso, quando se escreve é que aparecem certas contradições, e então temos de fazer algumas correções.
Ática: Você, como uma das autoras para crianças mais conhecidas do Brasil, tem um público fiel, que praticamente começou a ler com seus livros e hoje já atingiu a adolescência. Como é a sensação de fazer parte da vida desses jovens?
Ruth: Teoricamente é ótimo, reconfortante, gratificante. Mas, de um ponto de vista mais profundo, é mágico. Tenho encontrado jovens no mundo todo que me afirmam ter crescido lendo meus livros e meus textos em Recreio. É um assombro!
Ática: Como era a Ruth aos 15 anos? Acha que alguma coisa mudou para os jovens dos dias de hoje em relação ao seu tempo?
Ruth: Eu era uma menina introvertida, tímida, leitora compulsiva; no entanto, na intimidade, eu era expansiva, alegre e engraçada. Mas, na adolescência, todo mundo é muito inseguro e muito instável, por isso é uma barra, sempre, ser adolescente.
Ática: Você acha que o computador, nos dias de hoje, pode ocupar o lugar do livro na vida das pessoas?
Ruth: O computador compete com um certo tipo de livro; definitivamente vai competir com os livros de referência, enciclopédias e dicionários. Mas só na forma, já que ele, sozinho, não se programa. Alguém tem de fazer o livro e pôr dentro do computador.
Um outro tipo de livro, no entanto, tem de ser portátil, ninguém vai levar o computador para a cama. A não ser que inventem um livro num computador de espessura mínima que possa ser lido no metrô. E assim mesmo o conteúdo terá características semelhantes às dos livros atuais.
Ática: Você acha que escrever é sempre um prazer?
Ruth: Escrever ou é fácil ou é impossível. Ou nos dá prazer ou não é viável.

Os trechos desta entrevista foram extraídos de O Mistério do Caderninho Preto, da coleção "Sinal Aberto".


Fonte: Editora Ática

3 comentários:

  1. eu nunca li um livro da ruth rocha mais obg por postar isso pra fazer o meu trabalho

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  2. eu odeio ruth rocha mais mesmo assim obg por postar pra eu fazer uma redação

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