terça-feira, 15 de junho de 2010

Análise do jogo do Brasil com a Coréia


Por Rodrigo Faber

Dizer que o Brasil de Dunga teve dificuldades contra uma defesa taticamente aplicada não é novidade. A estreia do esquadrão canarinho na Copa do Mundo, diante da Coreia do Norte, esteve longe de ser uma exceção. Por motivos óbvios, a misteriosa seleção asiática fechou-se, buscando o campo ofensivo em escassos, porém ágeis, contra-ataques.

O técnico Kim Jong Hun adotou o esquema 5-3-1-1, posicionando os destaques de seu elenco, Hong Young Jo e Jong Tae-Se, isolados à frente. E, ainda assim, ambos apareciam eventualmente no meio-campo, ajudando na sólida marcação. Pelo lado brasileiro, Robinho, atormentando os norte-coreanos pelo setor esquerdo do campo, despontou como o mais eficiente, ainda que pouco entrosado com seu companheiro, Luís Fabiano.

Kaká, ainda sob desconfiança devido à pubalgia que o aflige desde o fim do ano passado, começou mal. Errando passes, o meia do Real Madrid sequer arriscava chutes de fora da área, como faziam os laterais Michel Bastos e Maicon, ainda que sem perigo. Assim, Kaká era uma espécie de metáfora do meio-campo brasileiro: lento e sem criatividade.

A seleção brasileira desceu para os vestiários lembrando a atuação contra a Bolívia, nas Eliminatórias da Copa, em setembro de 2008. Naquela oportunidade, o time de Dunga arrancou vaias da torcida presente ao Estádio do Engenhão, no Rio de Janeiro. No Ellis Park, para a alegria do nosso carismático treinador, toda e qualquer reclamação seria superada pelo som das barulhentas vuvuzelas.

O intervalo fez bem para o Brasil. Sem nenhuma alteração, a equipe precisou de poucos minutos para, enfim, levar perigo ao gol defendido por Ri Myong Guk. Aos nove, Elano acertou passe na linha de fundo para Maicon, que com ajuda do “efeito Jabulani” e do mau posicionamento do goleiro asiático, abriu o placar. Posteriormente, o próprio jogador do Galatasaray fez o segundo, recebendo preciso toque de Robinho.

O discurso-padrão de Dunga resume-se a uma palavra: coerência. Assim, fica fácil concluir que, com um gol e uma assistência, Elano garantiu sua vaga entre os onze titulares. Ainda assim, não será surpresa que, ao primeiro sinal de erro, os torcedores voltem a pedir Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Ganso e afins.

É evidente que as críticas virão aos montes. Ter dificuldades para vencer, ou melhor, não golear uma seleção que só participou da Copa do Mundo em 1966 é lamentável, certo? Errado. Nos amistosos que disputou, a seleção norte-coreana deixou claro que seu esquema tático seria indigesto. Assim como a Costa do Marfim fez diante de Portugal, em um empate sem gols, até o momento, típico deste Mundial.

Ademais, fica aqui o grande questionamento: por que Dunga fechou os treinamentos à imprensa e fez tanto mistério antes da estreia em solo africano? Alguém conseguiu encontrar qualquer tipo de inovação tática na seleção brasileira? Eu, não. Enfim, aguardemos o próximo domingo.

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